A descrição da alma

Alma...
A expressão da alma é a certeza da vida em espírito, a que nos dá movimentos para circular por entre a vida e as experiências que ela nos proporciona.
É na alma que ficam registrada todas as nossas sensações e aprendizados.
Passamos pela vida sabendo que tudo que nos ocorre nos ensina e nos compele para avançarmos e de um modo natural, procuramos sempre nos mantermos atentos e vigilantes para o que já nos fez recuar ou mesmo perder.
São os alertas da nossa alma que tem por finalidade proteger nosso espírito de uma vida sem evolução, mas também é nela que ficam todas as nossas passagens por muitos sentimentos que ao longo da vida foram experimentados e na alma ficam interiorizados para nos mostrar, nos capacitar e nos ensinar em como dar o próximo passo sem que tenhamos que novamente passar pela mesma situação as que não mais nos faz avançar e sim nos desfaz em uma nova prisão de sensações de dor...

A alma traz em si seus substantivos de vida e eles é que nos torna quem somos.

Falemos então dos substantivos da alma...
Aqueles que nos faz passar pela vida e deixar que a vida nos marque e que também deixaremos nossa marca.

Substantivos da alma em contos da vida.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Ecologia interior - Frei Beto


"Por um minuto, esquece a poluição do ar e do mar, a química que contamina a terra e envenena os alimentos, e medita:

Como anda o teu equilíbrio eco-biológico?
Tens dialogado com teus órgãos interiores?
Acariciado o teu coração?
Respeitas a delicadeza de teu estômago?
Acompanhas mentalmente teu fluxo sanguíneo?
Teus pensamentos são poluídos?
As palavras, ácidas?
Os gestos, agressivos?

Quantos esgotos fétidos correm em tua alma?
Quantos entulhos – mágoas, ira, inveja – se amontoam em teu espírito?

Examina a tua mente.

Está despoluída de ambições desmedidas, preguiça intelectual e intenções inconfessáveis?

Teus passos sujam os caminhos de lama, deixando um rastro de tristeza e desalento?
Teu humor intoxica-se de raiva e arrogância?

Onde estão as flores do teu bem-querer, os pássaros pousados em teu olhar, as águas cristalinas de tuas palavras?
Por que teu temperamento ferve com freqüência e expele tanta fuligem pelas chaminés de tua intolerância?

Não desperdiça a vida queimando a tua língua com as nódoas de teus comentários infundados sobre a vida alheia.

Preserva o teu ambiente,
investe em tua qualidade de vida,
purifica o espaço em que transitas.

Limpa os teus olhos das ilusões de poder, fama e riqueza, antes que fiques cego e tenhas os passos desviados para a estrada dessinalizada dos rumos da ética.
Ela é cheia de buracos e podes enterrar o teu caminho num deles.

Tu és, como eu, um ser frágil, ainda que julgues fortes os semelhantes que merecem a tua reverência.
Somos todos feitos de barro e sopro.
Finos copos de cristal que se quebram ao menor atrito: uma palavra descuidada, um gesto que machuca, uma desconfiança que perdura.

Graças ao Espírito que molda e anima o teu ser, o copo partido se reconstitui, inteiro, se fores capaz de amar. Primeiro, a ti mesmo, impedindo que a tua subjetividade se afogue nas marés negativas. Depois, a teus semelhantes, exercendo a tolerância e o perdão, sem jamais sacrificar o respeito e a justiça.

Livra a tua vida de tantos lixos acumulados.
Atira pela janela as caixas que guardam mágoas e tantas fichas de tua contabilidade com os supostos débitos de outrem.
Vive o teu dia como se fosse a data de teu renascer para o melhor de ti mesmo - e os outros te receberão como dom de amor.
Pratica a difícil arte do silêncio.
Desliga-te das preocupações inúteis, das recordações amargas, das inquietações que transcendem o teu poder.

Recolhe-te no mais íntimo de ti mesmo,
mergulha em teu oceano de mistério e descobre, lá no fundo, o Ser Vivo que funda a tua identidade.
Guarda este ensinamento: por vezes é preciso fechar os olhos para ver melhor.

Acolhe a tua vida como ela é: uma dádiva involuntária.
Não pediste para nascer e, agora, não desejas morrer.
Faz dessa gratuidade uma aventura amorosa.
Não sofras por dar valor ao que não merece importância.
Trata a todos como igual, ainda que estejam revestidos ilusoriamente de nobreza ou se mostrem realmente como seres carcomidos pela miséria.
Faz da justiça o teu modo de ser e jamais te envergonhes de tua pobreza, de tua falta de conhecimentos ou de poder.

Ninguém é mais culto do que o outro.

O que existem são culturas distintas e socialmente complementares.
O que seria do erudito sem a arte culinária da cozinheira analfabeta?
Tua riqueza e teu poder residem em tua moral e dignidade, que não têm preço e te trazem apreço.
Porém, arma-te de indignação e esperança.

Luta para que todos os caminhos sejam aplainados, até que a espécie humana se descubra como uma só família, na qual todos, malgrado as diferenças, tenham iguais direitos e oportunidades.
E estejas convicto de que convergimos todos para Aquele que, supremo Atrator, impregnou-nos dessa energia que nos permite conhecer a abissal distância que há entre a opressão e a libertação.

Faze de cada segundo de teu existir uma oração.
E terás força para expulsar os vendilhões do templo, operar milagres e disseminar a ternura como plenitude de todos os direitos humanos.

Ainda que estejas cercado de adversidades, se preservares a tua ecobiologia interior serás feliz, porque trarás em teu coração tesouros indevassáveis."

Autoria: Frei Beto

Nenhum comentário:

Postar um comentário