A descrição da alma

Alma...
A expressão da alma é a certeza da vida em espírito, a que nos dá movimentos para circular por entre a vida e as experiências que ela nos proporciona.
É na alma que ficam registrada todas as nossas sensações e aprendizados.
Passamos pela vida sabendo que tudo que nos ocorre nos ensina e nos compele para avançarmos e de um modo natural, procuramos sempre nos mantermos atentos e vigilantes para o que já nos fez recuar ou mesmo perder.
São os alertas da nossa alma que tem por finalidade proteger nosso espírito de uma vida sem evolução, mas também é nela que ficam todas as nossas passagens por muitos sentimentos que ao longo da vida foram experimentados e na alma ficam interiorizados para nos mostrar, nos capacitar e nos ensinar em como dar o próximo passo sem que tenhamos que novamente passar pela mesma situação as que não mais nos faz avançar e sim nos desfaz em uma nova prisão de sensações de dor...

A alma traz em si seus substantivos de vida e eles é que nos torna quem somos.

Falemos então dos substantivos da alma...
Aqueles que nos faz passar pela vida e deixar que a vida nos marque e que também deixaremos nossa marca.

Substantivos da alma em contos da vida.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

EXPERIÊNCIA FASCINANTE x ATERRORIZANTE

por Norma Villares



"As portas da percepção são os sentidos,

quando se os transcende, tudo o que resta é o infinito"

(William Blake - 1757-1827)



Não existe fórmulas mágicas para construir a capacidade de ficar presente e de sentir a LUZ CONSCIENTE. É preciso mudar o paradigma, o modo de pensar, e iniciar a viver a experiência do 'aqui e agora' consciente que essa luz que tudo alumia também alumia a nossa alma.


Ela não está fora, ela está dentro em cada um de nós.


No inicio do caminho do auto-conhecimento, o buscador sincero tentará por todos os meios de práticas externas, buscando fora dele mesmo, e as encontrará... sim as encontrará. Mas amadurece e percebe num belo dia a grande descoberta, de que é necessário retornar ao caminho de uma intimidade pessoal. Acorda para a vida e nesse estágio de interioridade o caminheiro estará sozinho nesta trilha do auto-conhecimento, levando solitariamente os seus pés as vias de auto-centramento e da meditação.


E os direcionamentos que norteiam os procedimentos de crescimento e desenvolvimento individual esta na célebre frase inscrita no portal do templo de Delfos, na antiga Grécia:


“Conhece a ti mesmo”.


E o anacoreta perguntará: Quem sou EU?


Eis a pergunta chave que deve ser respondida na entrada do Grande Portal do auto-conhecimento.


E falando nesse processo, lembramos que é preciso trilhar nos campos da limitações enquanto ser humano.


Eva Broch Pierrakos ensina:

“Cada um de vocês... tem de aceitar as suas limitações como ser humano antes que possa perceber que possui uma fonte ilimitada de poder à sua disposição... [e] antes que possa experimentar aquela perfeição absoluta que por fim descobrirá o que é o seu destino”.


Nesse momento compreendemos que é preciso navegar pelos mares bravios e sombrios da mente nunca dantes navegado. Nesse vasto campo das limitações iniciamos ao entendimento e aceitação da sombra. Vivenciamos uma fase aterrorizante, a alma caminha no lodo do lodo, mas precisa passar para o outro lado... Encontraremos toda sorte de dificuldades, espinhos, dores físicas, emocionais e espirituais.


Segundo Paulo Urban, é preciso atravessar as águas oceânicas da Mitologia Pessoal, cumpre elevar a consciência às experiências mais transformadoras, àquelas que a alma, em seu caminho de autoconhecimento, necessita verdadeiramente experimentar.


Sim, é preciso atravessar os grandes mares da mitologia pessoal, para encontrar a essência vital é atravessar a ponte que liga a sombra da luz.


Roberto Crema como pedagogo da alma discorre sobre a sombra:


"Somos prisioneiros de tudo que negamos na realidade. Tudo que rejeitamos em nós, transmuta-se em obsessão, aderindo ao tecido subcutâneo de nossa identidade; torna-se grilhões e tocaia, constitui-se da sombra."


Esta é fase de detectar: A sombra da sombra que assombra a gente.


E o pior que nesta etapa não conseguirá partilhar com ninguém a não ser com os grandes mestres da ancestralidade espiritual e histórica. E com eles que manterá diálogos íntimos, verterá lágrimas de sangue sob seus ombros. Essa é uma experiência aterrorizante, com episódios lancinantes e assombrosos.


Segundo São João da Cruz esta é a "Noite Escura Da Alma", a qual ele viveu, sorveu e bebeu até a última gota desta água salgada do oceano da vida. Ele foi primeiro místico a relatar acerca desta fase aterrorizante.


O Iniciado desenvolverá uma força hercúlea para construir estados meditativos de conexão, é a solidão Cósmica que se fará presente nessa iniciação. A verdade é que trata-se de um caminho extremamente solitário.




“O homem é seu livro de estudo. Ele precisa apenas ir virando as páginas deste livro e descobrir o autor.” Jean Yves Leloup descreve com sabedoria...


Viver construindo a lapidação lúcida, ousar desenvolver um espaço onde o novo ser humano possa ser desvelado e cultivado em sua extensão, altitude e profundidade, de uma forma acolhedora e inclusiva em todas suas dimensões.


Abrindo novas picadas para aplicar os princípios da mística; meditar, calar, ouvir, nada julgar e assimilar.


E só depois paulatinamente elevar a consciência para experiências vívidas transformadoras, onde a inteligência hermenêutica possibilite a tarefa fundamental de interpretar as nossas experiências, dando-lhe sentido e orientação. Instalar o discernimento para instigá-la à evolução consciencial.


O peregrino precisa saber e ter certeza de que realmente quer buscar o desvelamento da luz verdadeira. E no caminho de peregrinação interior, não devemos confundir luz com sombra clara. Existem sombras inebriantes que só selam nosso destino e antecipam o encontro com nosso karma.

O homem sábio é aquele que procura DEUS;

O mais bem sucedido é aquele que encontrou DEUS.

Paramahansa Yogananda

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Essa jornada interior é árdua, requer disciplina, mas pouco a pouco vai aflorando esse estado de união compassiva com a própria essência e então vislumbra... Inicia um deslumbramento da força e da luz desta trilha sendeira. O aprendiz segue em direção à consciência de luz, na fase de nadar no rio da existência desenvolvendo a ecologia do ser.


A própria ressurreição do novo estado, surgirá como um processo natural e inevitavelmente concretiza a experiência com o numinoso. Essa experiência transmundana é única e extremamente prazerosa, e que inexiste palavras para traduzir a experiência com o inefável. Com a união com o Divino transforma o ser humano num buscador sincero dessa verdade.

A alma que experiência ou vislumbra esses estados superiores, mesmo por um lapso nunca mais volta atrás ou retorna ao caminho mundano. Os diálogos com os seres de luz será com doçura e paciência, sempre manterá conversas na montanha existencial...


Essa é uma experiência fascinante.


O fascínio pelo caminho regenera e fortifica a alma, sem as chaves corretas o sentido original se perde. E com sintonia amorosa e compassiva com o Absoluto, evocação do Ser, já que nos tornamos o que invocamos.


Compreendemos este caminho vivencial que o ser humano recapitula todos os elementos e reinos do Universo. Com a consciência de que tudo é mutável, tona-se possível completar as faltas e reparar distorções, ascendendo e descendendo ao mesmo tempo, para o alto e profundo desta viagem evolutiva.


É reveladora e tocante esta passagem na escuta essencial do “VIR A SER”. Envolve todo mistério de nossa inteireza, no observatório da vida individual.


E o poeta Gonzaguinha nos ensina:


Viver e não ter a vergonha de ser feliz. Cantar e cantar e cantar... A beleza de ser um eterno aprendiz...



Eis o supremo desafio da existência humana.

Ser eterno aprendiz.

Paz Profunda!


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