A descrição da alma

Alma...
A expressão da alma é a certeza da vida em espírito, a que nos dá movimentos para circular por entre a vida e as experiências que ela nos proporciona.
É na alma que ficam registrada todas as nossas sensações e aprendizados.
Passamos pela vida sabendo que tudo que nos ocorre nos ensina e nos compele para avançarmos e de um modo natural, procuramos sempre nos mantermos atentos e vigilantes para o que já nos fez recuar ou mesmo perder.
São os alertas da nossa alma que tem por finalidade proteger nosso espírito de uma vida sem evolução, mas também é nela que ficam todas as nossas passagens por muitos sentimentos que ao longo da vida foram experimentados e na alma ficam interiorizados para nos mostrar, nos capacitar e nos ensinar em como dar o próximo passo sem que tenhamos que novamente passar pela mesma situação as que não mais nos faz avançar e sim nos desfaz em uma nova prisão de sensações de dor...

A alma traz em si seus substantivos de vida e eles é que nos torna quem somos.

Falemos então dos substantivos da alma...
Aqueles que nos faz passar pela vida e deixar que a vida nos marque e que também deixaremos nossa marca.

Substantivos da alma em contos da vida.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011


O velho Mestre Arobiai caminhava por entre flores e arbustos de um campo aberto instruindo os discípulos sobre a vida e o amor.

Um discípulo perguntou:

- Mestre o que é a saudade?

Arobiai olhou para aqueles olhos límpidos e curiosos, agachou, colheu uma pequena flor silvestre e a ofereceu ao discípulo. Este olhou para a flor e para o Mestre e nada entendeu. Foi então que a sabedoria que mora no coração dos velhos falou:

- A saudade é como esta flor. Ela existe, não mais está presa ao vegetal em que nasceu, mas mesmo assim carrega dentro de si, a mesma seiva que a formou e lhe deu vida. Um pouco da seiva de vida ficou no arbusto em que ela estava, outro pouco está na flor colhida. O arbusto não tem mais a flor, mas a sente presente na seiva, como uma perna amputada que parece permanecer inteira; a flor não tem mais o arbusto, mas o sente, ainda, na seiva que ficou presa em si. A saudade está na ausência na mesma proporção em que a ausência está na saudade. Ambas vivem e se alimentam na mesma fonte.

O discípulo ficou pensativo a olhar a flor que sua mão segurava com delicadeza

Arobiai continuou:

- Olhe firme e demoradamente para este campo cheio de flores das mais variadas espécies e cor. Agora feche os olhos. Você não vê mais as flores, mas sabe que elas existem, que elas estão aí. Não é porque você não as vê que elas deixam de existir. As flores e o campo continuarão a estar aqui, continuarão a existir, embora você não possa vê-los. Se você abrir os olhos voltará a ver as mesmas flores. A mesma luz, o mesmo sol, as mesmas cores.

Assim é a saudade. Muitas vezes pensamos que perdemos pessoas e coisas e nos afligimos dizendo que estamos com saudade. Na verdade apenas estamos de olhos fechados. Um dia abriremos os olhos e perceberemos que tudo continua como antes, pois as pessoas que amamos e que partiram continuam , por um mistério de amor, junto de nós.

Um dia a saudade baterá à porta e devemos nos lembrar que estamos de olhos fechados, que caminhamos de olhos fechados, que não vemos o que queríamos ver; mas que há em nosso meio uma presença santa a silenciosa, persistente e indefinível.

Algumas vezes, Deus permite que sintamos essa presença .

Muitas vezes procuramos explicar porque alguém se foi tão de repente sem saber que não há explicação para os mistérios de Deus. Por isso sabemos que quem partiu continua presente como a seiva que ainda está na flor, ou como os olhos fechados no campo de flores. Mas acima de tudo sabemos que saudade é um exercício de fé, pois é um acreditar naquilo que não se vê.

Ivon Luiz Pinto

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